7 de dezembro de 2022

Um canteiro de obras feminino

Construtora gaúcha se orgulha de ter maioria mulheres entre equipe de engenheiras e técnicas

 

É bem verdade que a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, especialmente na Engenharia Civil e no canteiro de obras existe. Mas para a TGD, incorporadora e construtora que edifica desde 1981 seus empreendimentos e sua própria biografia no mercado imobiliário porto-alegrense, a história é bem diferente.

A começar por uma das sócias da empresa, a Engenheira Civil Marcia Sirotsky, única a exercer a função de diretora presidente no ramo na cidade. O gênero obviamente que impacta, mas, segundo ela, um dos principais desafios é se estabelecer no mercado enquanto profissional e receber respeito e reconhecimento pelo ofício desempenhado.

“Dentro de um canteiro de obras é óbvio que a dificuldade aumenta. É difícil ser respeitada, como engenheira e como mulher, mas quando você atinge um trabalho de excelência e as pessoas reconhecem, se torna muito mais gratificante”, avalia.

Alicerçada no papel de interventora urbana consciente do legado que deixa para o futuro, a TGD sempre buscou valorizar a diversidade no setor. Para se ter ideia, atualmente 80% da equipe de engenheiros e técnicos da construtora é feminina. O mais interessante de tudo isso é que não foi uma estratégia pensada. É uma consequência natural de mercado.

Outro fator que soma positivamente nesta questão é a identificação. Bruna Peres, engenheira civil responsável pela obra BRICK 962 (R. Miguel Tostes, 962), relata a felicidade de uma cliente ao vê-la em seu ofício. “Tive a experiência de receber uma cliente na obra e apresentar a unidade. Ela ficou muito feliz em me ver naquela posição, pois ela também era engenheira formada há mais de 20 anos, e, na época, não teve a mesma receptividade no mercado, inclusive tiramos foto juntas”, contou.

 

Ambiente equilibrado 

Nos postos de comando do setor da construção, também encontramos exemplos de mulheres que administram grandes empresas, arquitetas que projetam edificações e outras que estão à frente das entidades e associações. No quadro de funcionários fixos da TGD não é diferente, 50% do total de colaboradores são mulheres. Entre gestoras, secretárias, técnicas e arquitetas estão justamente as engenheiras civis Bruna Peres, natural de Viamão, que começou como estagiária da TGD em 2019 e hoje está gerenciando obras, e a porto-alegrense Camilla Souza Gomes Hackbart, Pós-graduada em Gerenciamento de Obras.

 

Na rotina de Bruna, afazeres que envolvem o acompanhamento, controle, planejamento e conferência do dia a dia da execução das obras no canteiro. Ela conta que ao longo desse tempo de atuação no canteiro de obras não lembra de ter passado por descriminação explicita. “A classe trabalhadora da mão de obra civil (pedreiro, carpinteiro, servente etc.) sempre demonstrou muito respeito, empatia e companheirismo. De fato, construímos juntos!”. Na sua avaliação, a disparidade na profissão está muito menor porque as mulheres tiveram a coragem de fazer. “Precisamos ter empatia uma com as outras e incentivar essa coragem e ousadia em outras mulheres. Não precisamos provar que somos melhores, somente ser boas profissionais e desempenhar nosso trabalho tal qual a situação necessita que seja”.

 

O dia a dia da Camila não é muito diferente. Engenheira responsável pela obra Quintal Moinhos (Travessa Carmem 96), atua na gestão do canteiro de obras e das pessoas, coordenando mais de 80 trabalhadores, e diversas atividades envolvidas. Enxerga na empresa grandes oportunidades e valoriza o fato de ter uma liderança feminina. “No setor da construção civil, embora nos últimos anos a quantidade de mulheres tenha aumentado significativamente, as oportunidades e os cargos de liderança não. Sinto que ainda hoje as afirmações e tomadas de decisões tem que ser feitas de maneira dobrada. Este segmento profissional possui uma cultura enraizada sobre o papel da mulher na sociedade, o que dificulta a evolução e traz preconceitos. Mas estar em uma empresa que dá oportunidade e acredita em mulheres em cargos de liderança, como a TGD, é uma direção rumo à equidade feminina na engenharia”.

 

Crédito da foto: ©Tati Feldens

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